Natal e Saúde Psicológica

O Natal é uma época de festa apreciada por grande parte das pessoas. Representa alegria, tempo de qualidade em família e/ou com amigos, dias de férias, regressar a lugares que já habitámos e que são significativos para nós, partilhar alimentos à mesa e presentes. Muitas vezes, inclui também rituais que nos ajudam a reconhecer e a agradecer as coisas boas que temos na nossa vida.

Simultaneamente, o Natal também pode ser uma altura difícil do ano, que nos coloca sob uma pressão extra. Pode trazer-nos memórias de pessoas que perdemos ou de momentos importantes da nossa vida. E também nos pode provocar sentimentos de tristeza e zanga, ansiedade e sobrecarga, solidão e stresse, desilusão e frustração. Podemos experienciá-los, pela primeira vez, este ano ou pode ser algo que acontece em todas as épocas natalícias.

Alguns estudos indicam que, juntamente com sentimentos como a felicidade, o amor ou o bom-humor, mais de 60% das pessoas sente stresse e cansaço durante o Natal. É um período do ano agitado para a maior parte, uma vez que às exigências diárias do trabalho, das tarefas domésticas, dos filhos/as, se acrescenta a preocupação com comprar prendas (e o encargo financeiro que representam), cozinhar, fazer decorações, acolher familiares, etc.

Diversos motivos e situações podem tornar esta altura do ano emocionalmente difícil.

• Preferíamos que não houvesse Natal ou o período de Natal coincide com outros acontecimentos stressantes na nossa vida;
• Nos sentimos frustrados/as por parecer que à nossa volta as pessoas vivem o “espírito de Natal perfeito” e não é essa a nossa experiência;
• Nos sentimos sozinhos/as ou abandonados/as (mesmo se, porventura, estamos rodeados de pessoas);
• Estamos longe de pessoas importantes para nós, devido a situações de luto, divórcio ou separação, migração, problemas de saúde ou incapacidade para suportar o custo dos transportes que permitiriam ultrapassar a distância;
• Estamos a viver uma situação de vulnerabilidade;
• Somos forçados/as a conviver com pessoas com quem temos uma relação difícil, que nos recordam experiências traumáticas ou não nos aceitam;
• É um período do ano que nos traz memórias difíceis, nos faz lamentar o passado ou intensifica preocupações com o novo ano;
• Estamos doentes, a lidar com problemas de Saúde Psicológica ou gostaríamos de celebrar com alguém que está doente ou a lidar com problemas de Saúde Psicológica;
• Sentimos preocupação e ansiedade financeira, por não termos dinheiro suficiente para celebrar o Natal ou oferecer presentes como gostaríamos;
• Ficamos sobrecarregados/as com tarefas e logísticas. Por exemplo, preparar a comida, organizar viagens, garantir cuidados a crianças ou pessoas em situação de vulnerabilidade, fazer a divisão do tempo e comemorações entre famílias;
• Nos sentimos incomodados pela existência de mais barulho, luzes, cheiros ou multidões nos espaços públicos.

Reconhecer e aceitar os nossos sentimentos. Mesmo quando o que sentimos parece ser diferente do que sentem as pessoas à nossa volta, os nossos sentimentos continuam a ser válidos e legítimos.

Priorizar o autocuidado. É importante pensarmos no que é melhor para o nosso bem-estar durante o Natal e sermos gentis e pacientes connosco próprios, colocando o autocuidado como tarefa prioritária.

Definir limites. Dizer “não” a situações ou pedidos que nos façam sentir mal-estar ou desconforto.

Gerir relações. Se há pessoas com quem não queremos estar no Natal, mas não temos como evitar, podemos tentar pensar em formas de manter a distância e evitar conflitos. Se aquele familiar costuma provocar discussões, é provável que também o faça este Natal. Podemos tentar falar sobre temas neutros e envolver a família em actividades agradáveis.

Falar ajuda. Pode ajudar falar sobre o que estamos a sentir e comunicar como nos podem ajudar durante o período natalício (por exemplo, coisas que devem evitar dizer-nos ou comunicar que não queremos estar envolvidos em determinadas actividades).

Fazer pausas. Se precisamos de um “intervalo” do Natal, é preferível afastarmo-nos, procurarmos um espaço sossegado, fazer uma actividade que nos dê prazer ou distrairmo-nos do bulício natalício (por exemplo, ir fazer uma caminhada na natureza ou ver um filme que se passa no Verão).

Planear. Planear e fazer listas das tarefas natalícias, com antecedência, pode ajudar-nos a fazer tudo com mais calma e menos stresse.

Lembrar do que é realmente importante. É preferível limitarmos os gastos em prendas ao orçamento que temos disponível e concentrarmo-nos nas relações com familiares e amigos. Comprar presentes não é a única forma de mostrar que gostamos de alguém.

Ser realista. Não há celebrações perfeitas, pequenos contratempos ou alterações aos nossos planos até podem criar memórias divertidas.

Evitar comparações. Através das redes sociais pode ser fácil comparar o nosso Natal com o dos outros/as e sentirmo-nos mal, mas nem sempre o que vemos nas redes sociais corresponde à realidade. Pode ajudar-nos a sentir melhor reduzir o tempo que passamos nas redes sociais.

Experimentar novas tradições. Se, por algum motivo, as tradições e rituais habituais, este ano, não são possíveis (por exemplo, porque não os conseguimos suportar financeiramente ou porque estamos a viver um luto), podemos experimentar novas tradições e rituais que se adaptem às nossas circunstâncias e necessidades actuais. Estas novas ideias podem aplicar-se só este ano ou tornarem-se parte do nosso Natal, no futuro.

Celebrar com moderação. Demasiada comida ou álcool são prejudiciais, mesmo no Natal. É importante garantir que mantemos hábitos alimentares saudáveis, que dormimos o suficiente e mantemos alguma actividade física.

Fazer voluntariado. Ajudar outros/as pode não só contribuir para o seu bem-estar, mas também para a nossa própria Saúde Psicológica e bem-estar.

Procurar ajuda. Se, apesar de nos esforçarmos para aproveitar o período festivo, continua a sentir-nos persistentemente tristes ou ansiosos/as, irritáveis ou sem esperança e não conseguimos funcionar como habitualmente, é importante procurar ajuda. Um Psicólogo ou Psicóloga pode ajudar!

No Natal também podemos ter ideação suicida. Saiba mais sobre suicídio e, em caso de emergência, ligue 112 (INEM).

No Natal também nos podemos sentir deprimidas/os. Saiba mais sobre Depressão e, em situação de crise, ligue 808 24 24 24 (Serviço de Aconselhamento Psicológico da Linha SNS24).

Escutar e aceitar sentimentos diferentes dos nossos.

• Compreender que o Natal não tem o mesmo significado para todas as pessoas e pode trazer muitos sentimentos diferentes.

• Comunicar que sabemos que o Natal também pode ser um período difícil e que estamos disponíveis para ajudar.

• Assegurar a pessoa de que não está sozinha e que também é natural sentir stresse ou sofrimento na altura do Natal.

Tornar o Natal inclusivo. Por exemplo, se um cuidador/a tem responsabilidades durante o período de Natal, podemos tentar organizar actividades em função dos horários que tenha disponíveis.

Tornarmo-nos presentes. Se sabemos que alguém se sente sozinho/a durante o Natal, podemos enviar um postal ou um email, fazer uma chamada ou uma visita.

• Lembrarmo-nos que a pessoa não está a tentar “estragar o Natal”. É importante que não forcemos as pessoas a animarem-se: devemos evitar dizer coisas como “é suposto o Natal ser um momento de felicidade!”, “toda a gente está a divertir-se menos tu!”, “podias sentir-te contente, se ao menos tentasses…”, “há quem esteja muito pior e não esteja com essa cara!”. E também devemos evitar “levar a peito” se a pessoa não quiser participar – mesmo que isso nos desiluda, não significa que a pessoa não goste de nós.

Oferecer Prendas de Natal, mantendo a Saúde Psicológica e Financeira

Na época do Natal muitas pessoas confrontam-se com uma fonte adicional de stresse: a decisão sobre as prendas de Natal e a sua eventual compra. Encontrar um presente para cada pessoa, enfrentar o movimento natalício nas lojas e mantermo-nos dentro do nosso orçamento, nem sempre é fácil. Frequentemente esta tarefa pode deixar-nos ansiosos/as, stressados/as e levar-nos a gastar mais dinheiro do que gostaríamos.

Algumas sugestões podem ser úteis para oferecer prendas de Natal, mantendo a nossa Saúde Psicológica e Financeira:

  • Definir expectativas adequadas à nossa realidade. É natural que desejemos oferecer prendas a todas as pessoas que consideramos importantes para nós. No entanto, do ponto de vista financeiro, nem sempre isso é possível. É natural termos de limitar o número de pessoas a quem compramos prendas de Natal. Provavelmente, o mesmo acontecerá às e aos nossos amigos e familiares. Considere alternativas como dar prendas apenas às crianças, fazer um jogo do amigo secreto ou oferecer pequenas “lembranças” a algumas das pessoas.
  • Fazer uma lista de prendas. Listar atempadamente todas as pessoas a quem decidimos dar prendas pode diminuir o risco de nos esquecermos de alguém e permite-nos também pensar na prenda mais adequada para cada pessoa de forma mais ponderada e criativa.
  • Definir um orçamento. Pode definir um orçamento geral (aquilo que quer gastar com todas as prendas) ou definir, para cada pessoa, um valor máximo a despender. Definir, à partida, um orçamento que seja ajustado às nossas finanças pessoais pode evitar preocupações e ansiedade financeira.
  • Negoceie a Lista do Pai Natal. Nesta altura do ano, Pais e Mães podem sentir-se pressionados para cumprir a lista (normalmente extensa!) de pedidos ao Pai Natal. No entanto, as crianças podem compreender e desenvolver hábitos financeiros saudáveis desde muito cedo. Aproveite esta altura para lhes falar sobre o orçamento familiar e sobre a importância de definir prioridades. Em vez de 20 presentes, ajude a criança a seleccionar o(s) presente(s) mais importante(s).
  • Antecipar as compras. A compra de prendas “à última hora” tem como consequência frequente sentirmos mais stresse e acabarmos por gastar mais dinheiro do que queríamos. Diluir a compra de prendas nas semanas que antecedem o Natal pode diminuir o stresse e a ansiedade com esta tarefa.
  • Dizer “Não” à culpa. Não pode oferecer prendas? É natural que, para muitas famílias, seja incomportável comprar prendas. Felizmente, a celebração do Natal não se esgota na compra de presentes. Podemos sempre investir nas relações com familiares e amigos, oferecer uma carta de gratidão ou uma lembrança feita por nós (ou em família), ir cantar as janeiras ou cozinhar um bolo para oferecer.
  • Recentrar a celebração do Natal em “presentes” como o reconhecimento das emoções e necessidades das/os outras/os (empatia), a solidariedade e o apoio mútuo. As memórias de Natal não se fazem só de prendas desembrulhadas, mas também de risos e histórias partilhadas.
  • Incluir o Autocuidado na lista de tarefas. A correria das preparações do Natal pode fazer-se acompanhar de mais ansiedade no dia-a-dia. Esteja atento aos seus sinais de ansiedade e cansaço, invista no autocuidado: procure alimentar-se de forma saudável; faça actividade física; mantenha bons hábitos de sono; invista em actividades prazerosas e de lazer; e fale com os seus familiares e amigos. Cuidar de si é importante para lidar com o stresse desta altura do ano.
  • Procurar ajuda. Se se sentir assoberbado pelo stresse e ansiedade durante o período do Natal ou noutros períodos do ano, saiba que um Psicólogo ou Psicóloga tem um conjunto de ferramentas e intervenções baseadas em evidências científicas que podem ajudar neste Natal e a prevenir situações destas no futuro.

Stresse Natacílio: Como se sente?

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