Perguntas e Respostas sobre Sexualidade e Orientação Sexual

O que é a Sexualidade?

A sexualidade é diversa e assume várias formas. A sexualidade não diz respeito apenas às pessoas com quem temos relações sexuais ou com que frequência as temos. A sexualidade é sobre os nossos sentimentos sexuais, pensamentos, comportamentos e atracções. Podemos achar que alguém é fisicamente, sexualmente ou emocionalmente atractivo; podemos sentir prazer no contacto físico com o outro – e tudo isto é parte da nossa sexualidade.

A sexualidade é pessoal e uma parte importante de quem somos. Não existe uma sexualidade “certa” e uma “errada”, existe uma sexualidade que faz sentido para (cada pessoa) nós. A sexualidade pode mudar ao longo do tempo. Descobrir e viver a nossa sexualidade, além de importante para a nossa saúde (psicológica, mas também física) pode ser libertador, excitante e uma experiência positiva.  

O que é a Orientação Sexual?

Chamamos orientação sexual a um padrão duradouro de atracção emocional, romântica e/ou sexual relativamente a homens, mulheres ou a pessoas de ambos os sexos. A orientação sexual também se refere a uma dimensão da nossa identidade no que diz respeito às nossas atracções, comportamentos e sentido de pertença a um grupo de pessoas com quem partilhamos as mesmas atracções.

A investigação científica mostra-nos que a orientação sexual existe num contínuo – podemos posicionar-nos algures entre a atracção exclusiva por pessoas de um género diferente do nosso até à atracção exclusiva por pessoas do mesmo sexo e esse posicionamento pode alterar-se ao longo do tempo. No entanto, é frequente a orientação sexual ser classificada utilizando-se as seguintes categorias, que não devem ser consideradas como fechadas e imutáveis:

  • Heterossexual (sentir atracção emocional, romântica ou sexual por pessoas do sexo oposto).
  • Homossexual – gay ou lésbica (sentir atracção emocional, romântica ou sexual por pessoas do mesmo sexo).
  • Bissexual (sentir atracção emocional, romântica ou sexual por homens e mulheres).

Existem ainda pessoas que não sentem atracção sexual por outras – assexuais.

É importante lembrar que, apesar de existirem estes termos comuns para descrever diferentes tipos de sexualidade e orientação sexual, não precisamos de escolher nenhum deles para nos descrevermos. Não precisamos de ser hétero, homo ou bissexuais. Devemos encarar a orientação sexual como algo que pode mudar ao longo do tempo e que não tem de ser algo que esteja claramente definido. A orientação sexual é diferente de outras componentes da sexualidade, nomeadamente:

  • Sexo (as características anatómicas, fisiológicas e genéticas associadas com o ser-se homem (macho) ou mulher (fêmea), no sentido reprodutivo.
  • Identidade de género (o sentido psicológico e identitário de se ser homem ou mulher).
  • Papel social de género (as normas sociais e culturais que moldam os comportamentos masculinos e femininos esperados).

NÃO. A orientação sexual de uma pessoa (seja qual for – como a heterossexual, homossexual, bissexual ou assexual) não é uma doença nem uma perturbação.

Quer os comportamentos heterossexuais quer os comportamentos homossexuais são aspectos possíveis e saudáveis da sexualidade humana. Ambos existiram e existem em diferentes culturas e épocas históricas.

Apesar de persistirem estereótipos, preconceitos e estigma relativamente a pessoas lésbicas, gay ou bissexuais, muitas décadas de investigação e experiência clínica /social comprovam que estas orientações sexuais são formas possíveis e saudáveis da experiência humana e da vivência da sexualidade.

Existem pessoas heterossexuais, homossexuais, bissexuais e assexuais de todas as nacionalidades, etnias, classes sociais e económicas.

De acordo com o conhecimento científico actual, tendencialmente, as atracções que formam a base da nossa sexualidade adulta emergem, com mais frequência, durante a infância e o início da adolescência. Todavia, ao longo de toda a vida, pela plasticidade que caracteriza o ser humano, em qualquer época da vida as pessoas podem surpreender-se com sentimentos e emoções que não tinham experimentado antes.

Os padrões de atracção emocional, romântica ou sexual podem surgir com ou sem experiências sexuais prévias. Por exemplo, uma pessoa pode nunca ter tido relações sexuais e conhecer a sua orientação sexual. Do mesmo modo pode fazer descobertas sobre a sua orientação sexual ao longo da sua vida.

As experiências pessoais relativamente à orientação sexual são muito diversas. Algumas pessoas sabem que são lésbicas, gay ou bissexuais muito cedo na sua vida e muito tempo antes de iniciarem relações românticas com outras pessoas. Outras, envolvem-se em experiências sexuais (com parceiros do mesmo sexo ou de um sexo diferente do seu) antes de identificarem a sua orientação sexual.

O preconceito e a discriminação podem dificultar os processos de identificação da orientação sexual. Identificar-se como sendo lésbica, gay ou bissexual pode ser um processo mais lento do que identificar-se como sendo heterossexual. Não é por alguém ter uma experiência homossexual que será seguramente homossexual ou bissexual, como da mesma forma não é por alguém ter uma relação heterossexual que será seguramente heterossexual ou bissexual.

NÃO. Ser heterossexual, homossexual, bissexual ou assexual não é algo que possamos escolher ser ou escolher mudar, ainda que isso possa acontecer ao longo do tempo. Não escolhemos a nossa orientação sexual. Embora a ciência ainda não seja capaz de explicar exactamente o que determina a nossa orientação sexual, sabemos que é influenciada por um conjunto de factores biológicos e genéticos, para além dos fatores sociais e psicológicos

Mitos como as experiências durante a infância, os estilos parentais ou a forma como fomos educados serem a causa da nossa orientação sexual são isso mesmo, mitos. Ou seja, falsos. Não existem evidências científicas neste sentido. Todas as causas humanas são múltiplas e variadas.

Tentativas de alterar a orientação sexual de alguém (por exemplo, transformar uma pessoa homossexual em heterossexual) não têm qualquer fundamento científico ou eficácia e podem causar efeitos muito negativos na Saúde Psicológica das pessoas e acentuar situações de estigma muito graves. No fundo, tentar fazê-lo é levar a pessoa a não se aceitar como é, numa dimensão que nada tem de negativo na vida dela.

SIM. Um dos estereótipos que persiste relativamente às pessoas homossexuais é o de que as suas relações são disfuncionais, infelizes ou instáveis. No entanto, a investigação científica demonstra que as relações homossexuais ou heterossexuais são equivalentes no que diz respeito ao compromisso ou à satisfação com a relação. Da mesma forma, comprova-se que as pessoas homossexuais mantêm relações potencialmente tão duradouras como as pessoas héteros ou bissexuais.

SIM. A investigação científica comprova que a orientação sexual dos pais não faz diferença nem nas competências parentais nem no desenvolvimento das crianças por si educadas:

  • Os pais e mães homossexuais não são diferentes dos pais e mães heterossexuais, sendo que a orientação sexual nada tem a ver com competências parentais para educar uma criança.
  • As crianças e adolescentes que vivem numa família homoparental (dois homens ou duas mulheres) não são diferentes das crianças e adolescentes que vivem numa família heteroparental (um homem e uma mulher), ou numa família monoparental (um homem ou uma mulher) no que diz respeito ao seu bem-estar, desenvolvimento psicológico, emocional, cognitivo, social e sexual. Um desenvolvimento saudável não depende da orientação sexual dos pais, mas sim da qualidade da relação entre pais/mães e filhos.

Se quiser saber mais sobre este assunto, consulte o Relatório de Evidência Científica Psicológica sobre Relações Familiares e Desenvolvimento Infantil nas Famílias Homoparentais.

SIM. Ser homossexual ou bissexual não significa, automaticamente, ter dificuldades ou problemas de Saúde Psicológica. No entanto, o risco de as desenvolver é maior. É mais provável que experienciem depressão, pensamentos suicidas, comportamentos autodestrutivos, consumo de álcool e outras substâncias.

Porquê? Existe um conjunto de factores, onde se incluem os preconceitos, a estigmatização e a discriminação, que contribuem para um aumento de problemas de Saúde Psicológica. Pessoas homossexuais ou bissexuais têm, frequentemente, que lidar com circunstâncias que as fazem sentirem-se diferentes das outras pessoas, serem vítimas de bullying e de violência (emocional ou física), sentirem-se pressionadas para negar ou mudar a sua orientação sexual, terem receio de serem rejeitadas ou ficarem sozinhas, sentirem-se desapoiadas e não compreendidas.

SIM. Apesar de a igualdade e a liberdade serem direitos fundamentais que se aplicam a todas as pessoas, independentemente da sua orientação sexual, ainda é frequente as pessoas sentirem-se discriminadas com base na sua sexualidade.

A discriminação e o estigma podem assumir várias formas e reflectem-se, por exemplo, em níveis mais elevados de violência, abuso e assédio dirigidos a pessoas homossexuais e bissexuais. Mas também em barreiras à empregabilidade, à parentalidade ou até à inclusão em grupos sociais e de atividades de lazer.

A discriminação e o estigma podem ter efeitos psicológicos negativos e impactar o bem-estar das pessoas homossexuais e bissexuais. Se sente dificuldade em lidar com o estigma e a discriminação, saiba que não precisa de o fazer sozinho. Procure ajuda: #UmPsicólogoPodeAjudar.

Combater o estigma e os preconceitos associados à sexualidade é um dever de todos. Se é heterossexual e quer ajudar a diminuir o estigma e a discriminação de pessoas homossexuais ou bissexuais, questione os seus preconceitos e estereótipos e ajude as pessoas à sua volta a fazerem o mesmo. Conheça e relacione-se com pessoas homossexuais e bissexuais.


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