Decisores
A COVID-19 afecta toda a população, sem excepções.
Embora as pessoas reajam de forma diferente perante as situações, é expectável que esta pandemia provoque ansiedade, medo e preocupação com um vírus (e todas as suas presentes e futuras consequências) que se desconhece e não se controla, com a situação de isolamento e distanciamento social, bem como com todas as medidas que são necessárias respeitar.
Embora, na maior parte dos casos, estes sentimentos sejam normais e não sejam graves, são desconfortáveis e os cidadãos podem sentir dificuldade em ultrapassá-los.
Face à grande exigência emocional e de capacidade de adaptação, é de esperar um aumento de pessoas com problemas de Saúde Psicológica isto para além do agravamento dos problemas nas pessoas que já os têm.
Da complexidade da situação, advêm ainda outros riscos e problemas como a desinformação, o estigma e a discriminação, o burnout dos profissionais de saúde, o aumento do consumo excessivo de álcool ou os conflitos familiares.
Um estudo da Organização Mundial da Saúde – OMS revela que o “CANSAÇO DA PANDEMIA” atinge já 60% da população. A “Fadiga da Pandemia” refere-se a um sentimento de sobrecarga, por nos mantermos constantemente vigilantes, e de cansaço, por obedecermos a restrições e alterações na nossa vida.
Desde a propagação do vírus, ao cumprimento das recomendações das autoridades de saúde, às consequências psicológicas que o isolamento pode trazer, à disseminação de ‘fake news’, à falta de altruísmo cívico.
Por isso, é fundamental que os aspectos comportamentais e da Saúde Psicológica sejam considerados na forma como se comunica e nas estratégias que se implementam para ultrapassar esta situação e preparar o futuro.
Todos os decisores e mobilizadores sociais, com base nas suas competências, experiência, área e âmbito de actuação têm o dever de contribuir para a adopção de comportamentos pró-sociais e pró-saúde.
Em Portugal, mais de 630 mil pessoas vivem com algum tipo de deficiência e enfrentam, diariamente, barreiras à comunicação, ao acesso à informação, serviços sociais, assistência médica, inclusão social e educação. Muitas vezes discriminada e estigmatizada esta é, por diversos motivos, uma população particularmente vulnerável, vulnerabilidades essas que se acentuam nesta situação de pandemia COVID-19, que nos afecta a todos, sem excepção. Em termos gerais, as pessoas com deficiência podem ter um maior risco de infecção pelo coronavírus.
Dependendo do seu estado de saúde prévio, as pessoas com deficiência também podem apresentar um risco superior de desenvolver sintomas mais severos de COVID-19 caso sejam infectadas, uma vez que esta doença pode exacerbar doenças pré-existentes, que coexistem com a deficiência, nomeadamente, as relacionadas com a função respiratória, o funcionamento do sistema imunitário, problemas cardíacos ou diabetes. Poderão ainda ter mais dificuldade em aceder aos serviços de saúde. Dependendo do tipo de deficiência, levantam-se ainda questões particulares que podem ter especial impacto neste contexto.
Considerando a necessidade de adaptação às alterações que decorrem da circunstância excepcional que vivemos, sugerimos algumas recomendações.
A intervenção transversal dos Psicólogos na Saúde contribui decisivamente para a melhoria global da Saúde, bem como das políticas e serviços de Saúde.
No período de pandemia que vivemos, constituindo os comportamentos factores-chave na propagação do vírus, no cumprimento das recomendações das autoridades de Saúde, no impacto psicológico das medidas de confinamento, na disseminação de fake news ou no altruísmo cívico, os Psicólogos desempenham um papel essencial na compreensão dos comportamentos e determinantes psicológicos que podem afectar a comunicação e as estratégias de prevenção da doença e promoção da Saúde.
Os desafios relacionados com a Saúde Mental e Psicológica ocupam neste contexto um lugar de destaque, sobretudo porque a Saúde Mental e Psicológica constitui um factor protector e um elemento crucial para a resiliência necessária não só para enfrentar os desafios de Saúde, mas também aqueles que a crise económica e social trará.
Deste modo, e no contexto actual de crise, a intervenção dos Psicólogos no âmbito da Saúde Pública é urgente e essencial. É crucial investir em acções de prevenção, promoção da Saúde e desenvolvimento dos cidadãos, que incluam medidas para o aumento da literacia em saúde, a educação para o autocuidado, o desenvolvimento de competências transversais de vida e da resiliência, nos diversos contextos de vida dos cidadãos.
A superação das desigualdades, a qualidade de vida, a equidade e a sustentabilidade, sobretudo em tempo de pandemia, são indissociáveis do acesso atempado aos cuidados de Saúde Mental e Psicológica ao longo de todo o ciclo de vida, assente num modelo multinível de resposta às necessidades dos cidadãos.