Equilíbrio entre a vida pessoal e profissional
A nossa vida pessoal e profissional sofre frequentemente alterações que nos impõem a necessidade contínua de nos reorganizarmos e encontrarmos diferentes estratégias de gestão e equilíbrio entre todas as nossas obrigações, tarefas, necessidades e interesses
É comum ouvirmos dizer que um dia equilibrado está dividido em 8 horas de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de lazer. No entanto, esta fórmula, para além de não ser fácil de aplicar nos tempos exigentes que vivemos, pode não se adequar às nossas necessidades e momentos de vida.
Estabelecer fronteiras entre trabalho, descanso e lazer não parece ser uma tarefa fácil para a maior parte das pessoas. Pelo menos 1 em cada 3 pessoas trabalha mais do que 40 horas semanais e quase metade considera insuficiente o tempo que têm disponível para dedicar a si mesmas, à família e amigos e realizar actividades de lazer.
Esta realidade é especialmente preocupante no caso das mulheres, que trabalham mais horas, acumulando trabalho pago e não pago (relacionado com responsabilidades familiares). As mulheres recebem ainda salários mais baixos e são mais vulneráveis a vínculos laborais precários, ao desemprego e à pobreza – situações que criam dificultam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Apesar de sermos todos/as diferentes e termos diferentes circunstâncias, encontrar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é uma necessidade básica e comum a todas as pessoas: homens e mulheres, com ou sem filhos, trabalhadores/as independentes ou por conta de outrem, trabalhadores/as a full time ou part time, em trabalho por turnos, em teletrabalho, em trabalho presencial ou em regime híbrido.
Para começar, é importante olhar para a nossa vida e considerar os factores que podem estar a dificultar, no nosso caso, um maior equilíbrio entre as dimensões pessoais e profissionais. Estes factores podem ser diferentes cada uma/a de nós e incluem (mas não se limitam a) sentirmos falta de apoio social, sobrecarga de trabalho (familiar e/ou profissional), necessidade de termos mais do que um emprego ou jornadas de trabalho muito longas, dificuldade em “desligar” do trabalho ou pressão social para sermos constantemente “produtivos/as”.
O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não significa compartimentar, de forma estanque, a vida pessoal e profissional, mas encontrar um equilíbrio pessoal e próprio, adaptado à nossa vida e às nossas circunstâncias, que permita uma integração adaptativa e funcional entre ambas as dimensões. O desafio é criar sinergias entre vida pessoal e profissional, que permitam às experiências da vida pessoal enriquecer e desempenhar uma influência positiva nas experiências da vida profissional e vice-versa.
É um desafio difícil – e um dos mais negligenciados na vida adulta. Mas os custos do desequilíbrio entre as duas esferas representam um risco psicossocial e prejudicial para todos/as – cidadãos e cidadãs e suas famílias, organizações e sociedade. Contribuem para:
- o aumento do stresse, dos problemas de Saúde Psicológica como a ansiedade e a depressão, do consumo problemático de substâncias. Tem um impacto negativo nas relações parentais e conjugais, bem como no absentismo, presentismo, produtividade e na relação e satisfação com o trabalho.
Por outro lado, um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional promove:
- Uma melhor Saúde Física e Psicológica, maior qualidade das relações familiares, sociais e laborais, níveis de stresse mais reduzidos, maior produtividade e satisfação no trabalho, maior sensação de bem-estar e, em suma, melhor qualidade de vida.
Por isso, procurar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não é um capricho. É essencial à Saúde e bem-estar e deve ser uma prioridade.
Se as organizações têm aqui um contributo fundamental, através da promoção de culturas, políticas e acções concertadas de facilitação desta harmonia, o papel de cada um/a de nós, não é menor nem deve ser menos activo.
Tomar consciência da necessidade de equilibrar a vida pessoal e profissional e dos benefícios que nos pode trazer é o primeiro passo. Mas pode ainda ser necessário algum planeamento e estratégias práticas para conciliar os diferentes papéis e responsabilidades que assumimos quotidianamente e, ao mesmo tempo, assegurar o tempo necessário para trabalhar, repousar, conviver, bem como para dedicarmos aos nossos interesses e autocuidado.